terça-feira, 28 de maio de 2013

Contributo: Orgulho é resistência


Se Maria Cavaco Silva fosse um homem, José Policarpo vivesse numa relação afetiva e sexual simultaneamente com o responsável pela sacristia e a senhora da mercearia, se Marinho Pinto coadoptasse a criança do seu motorista ou Isilda Pegado tivesse um pénis, este país à beira do precipício austeritário, não seria muito diferente.

Mais colorido e tolerante, talvez. E isso não é pouco. Mas essencialmente Belmiro de Azevedo e Alexandre Soares do Santos poderiam continuar a pagar salários de miséria enquanto acumulam riquezas nos paraísos fiscais, a saúde pública poderia continuar a ser destruída em nome da oportunidade de negócios do BES e outros bancos, a escola pública a produzir desigualdades e modelos onde pobres ficam fora da democracia, as pessoas que trabalharam e descontaram toda a sua vida podiam continuar a ser roubadas nas suas reformas e a ser atiradas para limiares muito abaixo das linhas da dignidade.

Atingindo particularmente a população mais débil e desprotegida, a crise afeta todas as pessoas, desvaloriza o trabalho de cada um e de cada uma, transforma a vida numa lotaria onde se decide a sobrevivência. Atingindo particularmente a população LGBT, a crise impede o acesso a direitos formais, transforma políticas de igualdade em retóricas vazias, provoca o regresso aos armários de muitas pessoas que olham para o fim do mês e para as contas a pagar.

Por isso esta Marcha LGBT de Lisboa, tem o combate à crise e aos seus responsáveis no seu centro. Por isso vir para a rua no dia 22 de junho, é uma passo fundamental para a visibilidade de todos os direitos que faltam conquistar e a afirmação clara de que o capitalismo e a democracia formal que vivemos provaram que não servem como sistema. Não servem para a justiça social, não servem para a redistribuição da riqueza produzida, não servem para garantir igualdade de direitos entre orientações, identidades e proveniências de classe, não servem para garantir que o planeta e os seus recursos naturais são preservados para as gerações futuras.

Vir para a rua no próximo dia 22 de junho, em Lisboa, no dia 6 de julho no Porto, como aconteceu já a 17 de maio em Coimbra, ou como acontecerá ainda durante o verão em Ponta Delgada e Braga, em sintonia com as pessoas desalojadas pelos bancos no Estado Espanhol, as desempregadas na Grécia, as pensionistas em Portugal ou as mulheres de todo o mundo que combatem o patriarcado é o orgulho de uma resistência, hoje mais que nunca, necessária.

sábado, 25 de maio de 2013

Contributo: O PolyPortugal na Marcha do Orgulho LGBT Lisboa 2013

No reconhecimento de que a autonomia e a liberdade afectivas e sexuais integram vários elementos cruzados (sexo, género, etnia, forma corporal, orientação sexual, entre outros), o PolyPortugal apoia e participa na Marcha do Orgulho LGBT para reivindicar o fim das discriminações e das violências contra as vidas, os afectos e as sexualidades vistas como “diferentes”.

O heterossexismo contra o qual a Marcha luta é também parte da cultura que força a monogamia como único modo de vida digno de respeito. O PolyPortugal entende que as lutas não podem ser fragmentadas, porque também o problema não é fragmentado: machismo, (hetero)sexismo e mono-normatividade andam de mãos dadas e alimentam-se mutuamente. Se pessoas de diferentes credos, cores de pele, ou de sexos iguais, vêm hoje (parcialmente) reconhecido o seu direito a ter e viver as suas relações, isso aponta para uma mudança, cultural e pessoal, no significado de “amor” e de “relação”. Nada há de errado com a monogamia, ou com a heterossexualidade – os problemas surgem quando umas formas de vida implicam discriminação face a outras.

O PolyPortugal pretende juntar à luta pela igualdade de direitos a visibilidade para as questões da não-monogamia responsável e consensual, sem nunca esquecer o contributo e papel histórico que, por exemplo, as comunidades gay e leather tiveram para a criação de formas de estar eroticamente e sexualmente que vão para além dos ditames da monogamia.

E se a crise é um dos temas mobilizadores deste ano, olhemos então para formas de convívio, interajuda e sociabilidade que vão para além da família monogâmica heterossexual – olhemos para como amigxs, famílias (electivas ou não) e outras ligações humanas acabam a multiplicar os amores que temos, vemos e sentimos à nossa volta, criando apoio social e comunitário contra um Estado austeritário.

A Marcha do Orgulho LGBT é um lugar de diversidades, de pluralidades – de afectos diversos onde também o poliamor se inclui na luta pela igualdade social e pelo fim de modelos preferenciais de intimidade.

PolyPortugal 

terça-feira, 21 de maio de 2013

Saímos à rua no dia 22 de Junho. Vens?


Já temos cartaz para a 14ª edição da Marcha do Orgulho LGBT de Lisboa! Agradecemos desde já à autora, a Helena Morais Soares, pelo seu trabalho.

O evento de facebook encontra-se aqui. Convida os teus amigos e partilha-o no teu mural, ajuda-nos a fazer chegar a marcha ao maior número de pessoas possível.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Marcha do Orgulho LGBT do Porto: contamos com tod@s para que cada vez mais contem connosco

A Marcha do Orgulho LGBT no Porto nasceu muito pelo bárbaro assassinato de uma transexual.

Gisberta Salce Júnior foi a inspiração, catalisadora, para realizar em 2006 a primeira Marcha do Orgulho LGBT no Porto. Uma realização que foi o concretizar de uma vontade sentida algum tempo, a vontade de dar à capital do norte uma marcha que embora se monitorize pela sigla LGBT engloba na sua organização e ação, vertentes diversas como a terceira idade, as mulheres, etnias e culturas.

Desde o inicio que trouxe a si partidos políticos que se revêem na sua luta por melhores condições sociais e no trato de respeito devido das e do cidadãos.

A Marcha do Orgulho LGBT no Porto conta por isso com a história de luta por convergências e consensos onde todas e todos são bem-vindos quando objectivam o bem comum.

Dia 6 de Julho 2013 é a data da MOP marcada de forma atempada para que tod@s possam organizar-se e estarem presentes nesta manifestação que nesta edição focará a austeridade que muitas e muitos de nós vivemos e sentimos, se não directamente, indirectamente, porque somos filhas e filhos de alguém, alguns de nós somos mães e pais de alguém, porque somos desempregados ou trabalhadores numa qualquer área profissional, e por tudo isso sentimos esta austeridade de forma desmedida.

Esse sentimento tem-nos levado a outras marchas como a do dia 2 de Março; 25 de Abril ou no  1º Maio, e por isso esperamos por todas e todos no dia 6 de Julho nas ruas do Porto, sobe o lema:

“Dão-nos luta ao corpo, nós damos o corpo à luta”

E antes do dia seis de Julho estaremos ao lado dos nossos amigos, da organização da Marcha do Orgulho LGBT de Lisboa, para com eles Marcharmos lado a lado por uma causa que é comum, e da responsabilidade de tod@s.

Contamos com tod@s para que cada vez mais contem connosco.

Comissão Organizadora da Marcha do Orgulho do Porto 

terça-feira, 14 de maio de 2013

IV Marcha Contra a Homofobia e Transfobia de Coimbra


Cidadania plena, ou não vale a pena
Manifesto da IV Marcha Contra a Homofobia e a Transfobia

Em 2013, 20 anos após a entrada em vigor do Tratado de Maastricht, assinala-se o Ano Europeu dos Cidadãos e das Cidadãs.
A PATH – Plataforma Anti Transfobia e Homofobia associa-se a esta celebração por via da exigência de uma cidadania plena, que contemple direitos invisíveis e silenciados em muitas das comemorações dominantes.
Por isso, neste 17 de maio, Dia Internacional Contra a Homofobia e Transfobia, queremos falar de cidadania sexual.
A cidadania sexual consiste na promoção, implementação e reconhecimento dos direitos sexuais, incluindo o direito à família, ao prazer, à autodeterminação, à expressão afetiva, à informação, à saúde, à integridade e ao desenvolvimento pessoal.
O respeito por preceitos jurídicos fundamentais como o Princípio da Igualdade da Constituição da República Portuguesa ou a lei do casamento civil não é compatível com ausências gritantes na área da parentalidade, na educação sexual em meio escolar e na urgente despatologização da transsexualidade.
Em tempos de austeridade, em que a precariedade económica é diretamente proporcional à vulnerabilidade social, acrescem riscos de retrocesso conservador que visam responsabilizar as vítimas e desresponsabilizar o Estado. Direitos conquistados não podem ser saqueados. Por isso, rejeitamos todas a formas de menorização, opressão e exclusão das pessoas com base no género, identidade de género, orientação sexual ou relacional.
Entendemos que a luta por uma cidadania sexual plena dignifica a cidadania de uma forma transversal. Por isso, esta é também uma Marcha pelo direito ao trabalho sexual com dignidade, pelo acesso gratuito a cuidados de saúde sexual e reprodutiva, pela responsabilização e formação de agentes educativos, forças de segurança e profissionais de saúde na luta contra o bullying, pelo fim da violência doméstica e da violência sexual. Estamos ainda em total solidariedade com outros grupos discriminados.

Não existem cidadãs e cidadãos sem corpo.
Não existem cidadãs e cidadãos sem relações afetivas.
Não há cidadania se não respeitarmos direito à escolha.
Não basta a cidadania no papel, porque não somos cidadãs e cidadãos de papel.
A cidadania é plena – ou não vale a pena.


Mais informações aqui.